domingo, 15 de outubro de 2006

Morte lenta da Filosofia


A Filosofia tem vindo a ser eliminada aos poucos do percurso escolar: primeiro deixou de ser obrigatória do 12º ano e agora qual não é o nosso espanto quanto deixa de ser exigida como disciplina específica no acesso a qualquer curso do ensino superior. Inclusivamente o de Filosofia.
Duvido muito que haja alunos a escolherem Filosofia no 12º ano, anunciando-se assim a extinção definitiva desta disciplina no último ano do secundário.

«Assim se apaga lentamente, sem barulho, uma disciplina. E com ela reduzir-se-á o número de professores, e poupar-se-iam mais uns milhões no orçamento da Educação. A questão é saber se a minimização progressiva do ensino da Filosofia (...) ajuda ou não o processo de modernização da sociedade portuguesa.» - eis a reflexão do Professor José Gil, na revista Visão nº 710 (p. 186).

A filosofia não serve para nada, sendo sempre catalogada como a ciência do ócio, à qual se dedicam aqueles que nada têm para fazer. E por isso a sociedade vai prescindindo da filosofia na educação dos seus cidadãos, que hão-de crescer e passar o seu tempo muito ocupados, com muitas coisas, sem nunca conhecer um momento de reflexão. Reflectir para quê? A sociedade encarrega-se de dar as respostas, de apresentar valores e ideiais.

«(...) sabe-se que o ensino da Filosofia para crianças abre extraordinariamente as competências dos alunos na aprendizagem das outras disciplinas. E, porque é inútil, a Filosofia alarga o conhecimento, estabelece pontes novas entre domínios científicos diferentes, proporcionando a criação de novos objectos e disciplinas.», afirma José Gil, no artigo atrás mencionado.

Curioso como em simultâneo constatamos a existência de um movimento de apagamento da filosofia (utilizando a expressão de José Gil), e de um movimento de renascimento da mesma, através da implementação da Filosofia para crianças nas escolas, do surgimento dos consultores filosóficos e de actividades relacionadas com as novas práticas filosóficas.

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