Chip: "Jeff, o que são pessoas? Diz-me, o que são pessoas? Podes responder, não podes?"
Jeff: "Sim, posso."
Chip: "O que és tu?"
Jeff: "Uma pessoa."
Chip: "O que é uma pessoa?"
Jeff: "Alguém que vive."
Chip: "Alguém que vive pode ser uma baleia."
Jeff: "Eu disse alguém, não um animal..."
Chip: "Podes consultar qualquer livro na biblioteca — bem, qualquer um que seja acerca de nós..."
Larry: "Gostaria de saber por que razão estão todos a ficar irritados com um assunto tão insignificante."
Rich: "Estamos a pensar! É para isso que estamos aqui.
Amy: "Alguém tem aqui uma enciclopédia para procurar animais, mamíferos ou pessoas?"
Jeff: "Somos todos humanos. Se um tipo de Marte nos visse, diria: 'Ei, olhem, estão ali alguns seres humanos.' Não diria: 'Ei, olhem alguns animais lá em baixo.'''
Mike:"Os Marcianos, se é que há algum, diriam: 'Ei, olhem para aquelas criaturas de aspecto estranho', ou qualquer coisa do género. Eles não saberiam o que nós somos. Eles não sabem nada acerca de nós. [ Regressando à distinção original de Jeff, Mike prossegue.] Se é uma pessoa, dizes 'alguém' (somebody). Se é um animal, já dizes 'uma coisa' (something). Alguém é um corpo humano".
Chip: "Existe vida, ok? A partir daí podes fazer ramificações. Tens animais, plantas e mais seja o que for — tu sabes, moléculas e coisas do género. Agora vais até animais e continuas a fazer ramificações — mamíferos, anfíbios, répteis e mais seja o que for. A seguir mais umas ramificações e tens estes humanos especiais. Até aqui está certo, Jeff?
Jeff: "Continua."
Chip: "Bem, quero saber se concordas até aqui."
Jeff: "Continua. Não vou mudar de ideias. E é tudo... Não sou um animal. Sou uma pessoa e vou continuar a pensar desta maneira."
Chip: "Tu és um tipo de animal."
Jeff: "Não me vou dirigir ao Dr. Jekyl e pedir-lhe: 'Ei, transforma-me num animal'..."
Amy: "As pessoas são um tipo de animal, como os pássaros. É diferente do que um elefante é. Um pássaro é diferente de um elefante. E nós somos diferentes do pássaro. O Mike disse que não tratamos o nosso cão como uma pessoa ou alguém. Mas pode haver alguém realmente próximo do seu animal de estimação e considerá-lo parte da família."
A discussão continuou por mais alguns minutos. Mal o grupo dispersou, um estudante comentou com outro: "Se quiséssemos podíamos argumentar durante horas!" "Durante dias," retorquiu o segundo. Como este grupo reunia semanalmente depois da escola na biblioteca pública local, na semana seguinte as crianças voltaram com uma enciclopédia para decidir a questão. Depois de alguns minutos de discussão, o professor perguntou aos estudantes se eles pensavam que tudo o que a enciclopédia dizia era verdadeiro.
Emily: "Não estamos certos de algumas coisas; e a enciclopédia podia dizer tudo o que há a dizer sobre como o sistema solar foi formado, e diria provavelmente que houve uma grande poeira que girava como um pião. Mas não temos a certeza de que tenha sido assim. Logo, pode estar errada.
O professor perguntou se nesses casos a enciclopédia diz "Não estamos certos."
Mike: "Dirá 'hipótese' — o que é uma suposição."
Kurt: "Dirá que ainda não estamos certos."
Deste modo, a discussão manteve a sua vitalidade filosófica. Este grupo encontrou-se ao longo de todo o ano lectivo e debateu uma grande variedade de tópicos filosóficos, incluindo a relação entre mente e cérebro, diferenças e semelhanças entre sonho e realidade, conhecimento de outras mentes, auto-conhecimento e a relação entre provas e conhecimento.»
FONTE: Crítica na rede
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