«No Mundo moderno, a depressão é a principal causa de incapacidade e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde português, uma em cada quatro pessoas em todo o Mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. As estatísticas indicam, ainda, que um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários em Portugal se encontra em estado depressivo no momento da consulta. A lista de números no que se refere a estados de tristeza, depressão ou ansiedade continua. Um estudo de 2005, publicado pelo Conselho Europeu das Doenças Cerebrais, coloca Portugal em 12.º lugar – numa lista de 28 países – no ranking de população que sofre de doenças do foro psiquiátrico ou neurológico. No País são 2,9 milhões os que padecem de enxaqueca, ansiedade, desordens afectivas ou dependências. Quem sofre das maleitas tenta de tudo: médicos, remédios naturais e menos naturais, férias, curas de relaxamento. Muitas vezes nada disso resulta para desfazer uma certa ansiedade que teima em permanecer. A resposta pode estar na Filosofia. Numa época de depressão, ansiedade e stress, filósofos um pouco por todo o Mundo propõem aplicar a Filosofia à vida prática promovendo a resolução de problemas éticos e, claro, filosóficos. O nome mais conhecido, para muitos, pode bem ser Lou Marinoff, americano, exhippie e autor do best-seller internacional «Mais Filosofia, Menos Prozac». Marinoff defende que é necessário aliar o tratamento psiquiátrico em casos depressivos ao aconselhamento filosófico. Adepto incondicional de uma Filosofia prática e aplicável ao quotidiano, o autor acredita que este tipo de aconselhamento responde à maior parte das questões mais usuais e também mais problemáticas do ser humano, como os conflitos amorosos ou familiares, mudanças de carreira ou até a forma de lidar com a morte. Em Portugal o aconselhamento filosófico começa a ganhar importância e adeptos. A APAEF (Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico), nasceu em Dezembro de 2004 e conta, actualmente, com mais de uma centena de associados, que mantêm gabinetes de aconselhamento um pouco por todo o País, seja de carácter privado ou integrado em instituições. Os problemas éticos da sociedade portuguesa, os problemas filosóficos das pessoas e o desemprego dos licenciados em Filosofia estiveram na génese deste projecto. No Algarve já existem já dois gabinetes de aconselhamento: um privado, em Tavira, e outro inserido numa escola, em Quarteira.»
Artigo do Semanário O Algarve (12 - 22 Mar)
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